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quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Meu reflexo

 Um dia chuvoso, um dia de sol, uma tarde fria de outono... Eu nasci chorando, mas sem gritar. 
 Não sei explicar, mas posso dizer que não sou desse mundo. Como as pessoas conseguem usar máscaras? sorriem por fora e choram por dentro, e o pior, fazem isso com as pessoas que amam.   Meus amigos dizem que sou inteligente, gentil, linda, educada, esperta e um pouco, peculiar, no fundo, concordo com todos esses adjetivos, mas, no fundo, são pseudônimos adjetivados, exceto o último. Por quê? Há, eu não sou o que mostro ser, as pessoas veem meu reflexo, aquilo que elas querem que eu seja e não o que realmente há dentro do espelho. 
  Eu dou o meu melhor não por mim, pelos outros; pela minha família; pelo meu amor; pelo futuro que me aguarda; pela sociedade... Nunca por mim, porquê eu não sei o que eu realmente quero, não sei escolher por mim mesma, não sei sorrir verdadeiramente para mim e sabem o motivo? Eu sou o barro e o mundo é o escultou, sou moldado, formado, controlado, manipulado e não tenho escolha, liberdade? É uma ilusão. 
 Entretanto, esse barro aqui tem uma coisa que os outros barros não têm... Coragem, determinação, garra, raiva, ódio, dor e principalmente, esperança. Então, eu decidi quebrar as regras, não usei máscaras, não segui os padrões, não me escondi na madrugada, não deixei minhas lágrimas me consumirem e no fim... Virei pó. O pó, sim, orgulhoso, corajoso e vigoro pó. 
imagem: 
-Luana Alcântara
obs: Meu reflexo também pode ser o seu, mas tome cuidado, nem sempre a primeira imagem é a que vale. fica a dica. 

domingo, 16 de dezembro de 2018

Meu Pecado Sou Eu

Aquela noite foi desconforme as outras, não compreendi muito bem, mas havia algo, uma divergência entre nós, ela não queria só possuir minha alma, mas também, o meu corpo. Como eu deveria chamá-la? Aqueles olhos furtivos, aqueles lábios arrebatadores, a pele a envolver o meu corpo, quente, macia, densa e as mãos, essas eram mágicas, um toque era suficiente para me ter sobre seu controle. 
  Por Deus, que criatura divina poderia me causar tal sensação, tal deslumbre... O mais peculiar foi que ao acorda ela já não estava mais lá, porém eu conseguia sentir sua pele na minha, sua voz, via seus olhos devorarem os meus e sentia ela me puxar para um lugar, esse lugar, era a chave, sua fonte de energia. 
  Decidir seguir minha vida e fui para o trabalho. 
-Bom dia Senhor! O que vai querer hoje, café puro ou com leite? -Disse minha secretária, Latrina, esse era seu nome. 
-Com leite, por favor! -Todos os dias ela ia a minha mesa e perguntava a mesma coisa e a resposta sempre era a mesma, eu nunca a olhava, somente quando ela me entregava o café. 
-Aqui! - Eu levantava a cabeça e lá estava ela, com a roupa preta, os cabelos castanhos descendo lhe o pescoço como uma cachoeira, os olhos dissimulados cor de mel, a pele morena queimada do fim de semana na praia com os amigos do trabalho e se não fosse pela roupa, eu poderia ver a marca do biquíni, o nariz fino, tudo perfeito. Quando pego o café em sua mão, sinto aquela sensação... Aquilo que deseja ser possuído e deseja me possuir. 
-Obrigado Latrina, se eu precisar de mais alguma coisa, chamo-lhe. -Olho diretamente nos olhos dela e claro, aquele sorriso cheio de segundas intenções, malicioso e pronto para ser devorado. Não, não, eu não devia olhar assim para ela, mas... É impossível resistir, resistir ao cheiro de seu perfume, ao toque de sua pele e ao seu silencioso sorriso ao entregar-me o café e dar as costas. 
  A observo sair de minha sala e voltar a sua, a mesma sensação da noite passada, será que sou eu? por que Deus? Não quero, não devo, isso é errado, no entanto, me parece tão certo sucumbi ao Pecado, sim, o Pecado é assim que se chama, por dentro, podre e obscuro, por fora, vivo e cheio de ambição. Perdão Senhor, perdão por deleitar do pecado que sou e ainda achar que posso ser diferente.  

-Luana karoliny 


quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

O gênero do brinquedo

Deveria ser uma tarde tranquila, mas as crianças sempre estão brigando...

-Mãe!!! Ela está brincando com meu carrinho, isso é coisa de menino Maria.
-Maria, dê o carrinho ao seu irmão. -Disse a mãe.
-Não, ele pegou minha boneca e tirou a roupa dela, mamãe, Lucas não pode ver minha boneca nua.
-Lucas! -Grita a mãe.
As duas crianças começam a correr pela casa, Maria tentando pegar a boneca da mão de Lucas e ele, tentando pegar o carrinho. A mãe, sem paciência, pega os dois pelo braço e coloca-os na cadeirinha do castigo.
-Agora, Lucas você vai colocar a roupa da boneca e cuidar dela como se fosse a mamãe, com muito carinho, amor e proteção porque é assim que você deve tratar uma mulher e Maria você vai cuidar dos carrinhos de Lucas como se fossem seus carros de ir ao trabalho, vai cuidar dos brinquedos de engenharia como se fossem seu material de trabalho, entenderam? -Disse ela calmamente para cada um dos filhos.
-Sim!-Disseram os dois balançando a cabeça. Então, durante uma semana as crianças trocaram de lugar o garoto dormia no quarto rosa da irmã e Maria dormia no quarto azul do irmão, enquanto Lucas brincava de casinha, limpava e cozinhava para as bonecas as tratando com muito carinho e amor como sua mãe havia pedido, ele aprendeu duas coisas, 1) não é responsabilidade só da mulher de cuidar da casa um homem também deve ajudar. 2) Não é ruim ser responsável.
-Maria vem cá, por favor. -Gritou Lucas de seu atual quarto.
-O que foi? -Maria chegou em um instante com vários peças de construção.
-Como eu coloco a fralda na bebezinha letícia? -Ele estava em pé na frente do banquinho rosa com uma boneca bebê sem a fralda e com uma chupeta na boca.
-Primeiro, o nome dela é Carla, segundo, você deveria saber já que tem 6 aninhos.
-Você tem apenas 5 anos e ainda não sabe encaixar as pecinhas do prédio que está construindo. Venha me ajudar antes que ela pegue um resfriado, mamãe disse que eu deveria cuidar e proteger.
-Está bem, está bem, mas depois você me ajuda com o prédio. -Então, ela ajudou o irmão e depois ele a ajudou, e a mãe? Observava tudo de longe, percebendo a mudança do filho e a da filha, já passado uma semana, chamou os dois para conversar na sala de visitas.
-Maria o que você aprendeu nessa semana?
-Que uma menina também pode ser engenheira, pode ter um carro e pode ser esperta, conseguir construir o quebra cabeça de 100 peças que Lucas ainda nem tinha começado, também aprendi que não existe isso de menina é boneca e menino é carrinho, eu gosto dos dois.
-Muito bem Maria, agora, você Lucas o que aprendeu?
-Aprendi que é muito difícil trocar fralda de boneca, não pode tirar as roupas delas, é um deve cuidar das bonecas como se fossem realmente uma mulher, ter respeito, amor e protegê-las, assim como o papai faz com a mamãe quando lava a louça de pratos no final de semana. Certo mamãe?
-E? -Disse a mãe encarando o filho, ela estava esperando mais uma coisinha.
-E não existe isso de menino usa azul e menina usa rosa, menina brinca com boneca e menino com carrinho, podemos brincar com o que quisermos contato que sejamos responsáveis e tenhamos cuidado.
-Muito bem meu filho, estou orgulhosa de você e de sua irmã, venham cá. -Os dois pularam no colo dela e a abraçaram. -Vocês dois são crianças muito inteligentes e irão se tornar adultos maravilhosos, eu amo vocês. Lembrem-se sempre, brinquedo não tem gênero.

-Luana Alcântara
Imagem: https://camacarimulher.com.br/de-menino-ou-de-menina-brinquedo-nao-tem-genero/