Em 1500 Eu era índia, mulher nua e inocente, respeitada e
amada. Porém quando os portugueses chegaram, deixei de ser amada com amor e
respeitada com carinho, passei a ser paisagem, pois os olhares europeus eram
voltados para mim. Um homem chamado
Pedro Vaz de Caminha fez uma carta para o rei de Portugal onde fala das índias
que aqui habitavam.
"(...) Ali andavam entre eles três ou quatro moças bem
novinhas e gentis, com cabelo mui pretos e compridos pelas costas e suas VERGONHAS tão altas e tão SARADINHAS e tão limpas
das cabeleiras que de as nós muito BEM
OLHARMOS não tínhamos nenhuma vergonha." -Carta de Caminhas.
No século XVI Eu fui Mulher bela e ao mesmo tempo feia, fui
idealizada e ao mesmo tempo rebaixada, eu subir aos céus e desci ao mar, em um
verso eu era luz no outro eu era a escuridão da noite. Até mesmo na arquitetura
mostravam minhas curvas que eram chamadas de “Defeitos”, e assim fui levando
essas fases de ser uma mulher amada pelas qualidades e odiada pelos defeitos,
fui inspiração em bom e mau sentindo para os textos poéticos, mas sempre
estiver lá.
Muitos anos se passaram e atualmente sou Mulher, Mulher com
M maiúsculo, Mulher de garrar, Mulher de luta, Mulher de vida, Mulher de batalha...
Pois, no século XXI o homem pode ser quem for, mas se sou Mulher não permitirei
ser submetida, não permitirei ser humilhada; machucada; agredida; prejudicada.
Os anos se passaram e as coisas mudaram! As mulheres atualmente têm direitos,
não todas, mas a maioria. Ainda temos muitas lutas pela frente, muitas batalhas
a enfrentar, o mundo ainda é muito machista e este machismo precisamos quebrar.
Sou Menina, sou Moça, sou Senhora, sou Senhorita, Sou MULHER. Não sou
“gatinha”, “gostosinha”, “delicinha do papai”... Sou Mulher de M maiúsculo
mereço respeito e se você não o fornece-me, eu lutarei por ele, pois, sou
Mulher.
-Luana Alcântara





