"É muito fácil fazer o coração de alguém bater, o difícil é cuidar dos batimentos" -Luana Alcântara
Sol, nuvens, flores e um lugar perfeito para repousar na grama. Assim começou minha vida amorosa, primeiro o beijo e depois o eu te amo, mãos dadas e apresentação aos amigos... Porém, eu descobrir da pior forma que "nada dura para sempre". O "amor", virou despedida.
Meses depois, lá estava eu correndo pela chuva de mãos dadas com o amor da minha vida, sorrindo e cantando músicas românticas e a cada beijo um toque diferente, aos poucos todo o meu corpo já não era mistério para aquelas mãos, mas novamente, nada é para sempre... Assim fui vivendo e sobrevivendo, amando e chorando, namoros nem sempre dão certo, e casamentos? Bem, esse ainda não cheguei a ter, mas percebi uma coisa, ser bonita e atraente não é a melhor opção.
-O que seu namorado mais ama em você? -Perguntei a uma amiga.
-Ele ama a forma como leio, sabe, o jeito que pego o livro, a forma como olho para as páginas e os sorrisos que dou quando algo me alegra na leitura. Bem, isso é o que ele diz. Por quê?
-E seu corpo, ele não ama seus seios e a curvatura de sua cintura?
-Amiga, eu não sou você. Meu corpo não é do tipo que agrada os garotos, não sou atraente. Meu namorado me ama pelas pequenas coisas, a alma e não o corpo. Você devia parar com isso de se apaixonar, você deve apenas ficar com o garoto, sabe, pra você é a melhor opção, ficar se machucando é pior. Se eles brincam com você, você também pode brincar com eles.
Depois daquela conversa, todos os meninos que entraram na minha vida foram só ficantes, amigos e companheiros de momentos, na cama eu comandava, orientava e conduzia os movimentos, nunca mais sofri.
Não sentia dor no coração, mas na alma... Algo estava faltando. Cada mês era um garoto diferente, um mais lindo e forte que o outro, cada um mais atraente, porém sempre depois dos momentos de prazer eu me sentia triste, sozinha, confusa e cada vez mais distante do mundo real. Eu vivia cada dia como se fosse uma aventura, um conto de fadas... Então, mergulhei em meu mundo.
Me formei na faculdade, viajei para vários países, conheci museus, escritores e pintores conhecidos mundialmente e em momento algum, sentir vontade de ter alguém ao meu lado, todo aquele vazio preenchi com ocupações, com amor próprio, construir minha vida e de repente... Lá estava eu, no museu do Louvre, em Paris, apreciando uma das obras mais belas do mundo, La Gioconda de Leonardo Da Vinci.
-Da Vinci foi um homem incrível, mas não conseguiu capitar a essência dessa mulher. -Disse um homem que estava ao meu lado.
-Perdão, fala comigo?
-Falo sozinho o tempo todo, dizem que sou louco, que tenho problemas e preciso de alguém, por que as pessoas são assim? Podemos encontrar o amor em uma pequena pintura como essa. -Eu o olhei e percebi, ele era cego.
-Perdão, mas como consegue ver a pintura?
-Eu não vejo, eu desvendo. Há coisas que os olhos não podem compreender, só a alma é capaz de capitar tudo. Você sabe o que Vinci não conseguiu capitar na Mona Lisa? Eu lhe digo, a essência perfeita dessa mulher...
-Mas, ela é perfeita! -O interrompi.
-Faltou algo muito importante... A essência que sinto em você, faltou nela. -Olhei para a pintura procurando a essência que eu tinha e ela não, mas não encontrei.
-E o que seria?
-A voz.! Um beijo, um toque, uma troca de olhares não chegam aos pés de um verdadeiro "eu te amo"-ele virou o rosto para mim e sorriu. Meu coração coberto de poeira e cheio de cicatrizes começou a bater lentamente e sentir que havia algo ali. Com 35 anos, uma carreira e uma vida basicamente "feita", um homem elogiou algo diferente em mim, não foi o corpo, o cabelo, os olhos ou a boca... Ele sentiu amor pela minha alma, pelo meu Eu interior que já não se mostrava vivo, mas com aquelas palavras, tudo renasceu dentro de mim.